Milhares de pessoas de todo o mundo para lá e para cá. Ambulantes vendendo chapéus (realmente necessário), artesanato e se oferecendo de guia (contrate-os). Muito sol, muito calor. Os maias viviam em um paraíso. Me perguntaram: e aí, sentiu a energia? Senti sim, senti a energia do turismo.
Você se transporta a muitos anos atrás, a um reino de curiosidades e fatos inexplicados, se questiona sobre a ganância europeia naquele tempo (e hoje também). Construíram um continente, destruíram pessoas. A velha lógica que para manter riquezas se acabam com as pessoas. E todos acham que vão ficar ricos, quando só comem sobras.
Continuando com minhas fotos analógicas em preto e branco por Montevidéu:
Muito bom registrar e relembrar os locais, o que vi e vivenciei, fotografar sem fotômetro, tentando fazer uma média entre velocidade e abertura numa iluminação que eu não estava acostumado, já que era inverno, e o sol – óbvio – brilha diferente de João Pessoa. No fim, o massa é após revelar constatar o resultado, não só de tirar a foto, mas de processar o filme com as próprias mãos sem muita prática. Só posso agradecer os envolvidos.
Acordamos e resolvemos tomar mais um delicioso banho de onsen. Estava de dia e admiraríamos melhor o local. Aproveitamos cerca de uma hora no banho e fomos levado pelo filho dos donos da hospedagem até o parque. Ele nos indicou onde deveríamos pegar a condução de volta ao hotel, nos deixou na entrada do parque onde devíamos prosseguir a pé por cerca de 1.6km. O dia estava frio com neve pra todo lado.
Iniciamos a caminhada por uma escadinha e prosseguimos pela trilha de gelo. O hotel nos havia emprestado botas, o que foi essencial pois se não teríamos os pés molhados e congelados. Era um local lindíssimo, altas árvores e muito gelo, não havia muito movimento, então sentíamos o silêncio e a harmonia com a natureza. Lembrei muito de um quando criança e jogava Looney Tooneys no mega drive, e também de Red Dead Redemption quando John Marston anda por Tall Trees. Uma paisagem bem parecida.
Tirei muitas fotos com a câmera analógica. Seria uma grande perda não ter registrado o local.
Na trilha já vimos traços de animais. Pegadas e fezes, ficamos receosos de ser atacados.
Chegando ao fim da trilha havia uma outra paisagem, um pequeno caminhão atolado no gelo, que me rendeu mais fotos, e um hotel. Havia também um grande buraco que expelia um forte vapor, e um cheiro leve de ovo podre, no caso enxofre, a terra respirando.
Entramos para ver os macacos no onsen, já observamos muitos logo na entrada. Corriam, brincavam, brigavam e catavam piolhos uns nos outros. Subimos uma grande escada atravessamos o rio e chegamos ao onsen dos macacos. Todos bem relaxados e calmos. Acariciando uns aos outros, acalentando o corpo naquele local gelado. Ficamos contemplando, observando a vida é a harmonia que os animais tem com a natureza. Ali, sem medo nenhum dos humanos, vivendo pacificamente sem ninguém lhes dando comida ou tentando pegar-lhes. Interessante como os turistas os respeitam neste aspecto, exceto pelo número excessivo de câmeras com longas lentes enfiada quase na cara dos pobres macacos. Temos que ficar desviando dos tripés ou mesmo câmeras pelo chão, Wendel quase chutou uma sem querer.
Depois de um longo tempo fomos embora, entramos no centro de apoio aos turistas logo na entrada do parque para aquecer nossos pés que, apesar das botas, estavam muito gelados. Comprei uns postais e tomei chocolate quente. Na saída começou a nevar grosso. Foi um momento também especial, pois estávamos no meio da floresta, próximos à um rio e a neve caindo, uma sensação para se guardar especialmente na memória.
Saindo finalmente do parque, fomos ao local indicado para pegar a condução de volta. Não chegaria outro em 50 minutos, estava nevando muito e bastante frio. Perguntamos a uns turistas onde havia ônibus, ninguém sabia explicar. Todos tinham cara de ricos e de que estavam hospedados por ali mesmo. Resolvemos pegar um táxi, que segundo a lenda, é muito caro no Japão. Voltamos para onde havia um ponto com vários taxistas até que passa um carro, para e dá ré. Era nosso anfitrião, o senhorzinho, foi nos pegar. Entramos no carro quentinho, agradecemos milhares de vezes e ele foi conversando o caminho todo, não entendemos nada!
No hotel recebemos umas bolsinha para colocar no bolso e esquentar nossas mãos. Voltaríamos para Tóquio, muito tristes pois nossa viagem chegava mais próximo ao fim.
Saindo do Templo no Monte Koya estava uma neve linda e gostosa, esperamos o ônibus que nos levou ao caminho de volta à Osaka. Descemos pelo cable car. Na estação tomamos um café, um chocolate, tiramos fotos e depois pegamos o trem até a estação Hashimoto, onde de uma hora para outra decidimos ir para Nara. Pegamos um trem da JR que levaria 2 horas, não pensamos direito e fomos mesmo assim. Achei que não chegaríamos nunca! Era um trem local, parava em todo lugar. Encheu de estudantes adolescentes, bonitos com aqueles uniformes tradicionais, bem vestidos e bem alinhados.
Chegando à Nara, fomos até o balcão de informações para saber onde ir e o que ver, mal nos aproximamos e uma senhora, a atendente, já se levantou com um mapa nos dizendo onde ir, quanto tempo de caminhada levaríamos, onde poderíamos comer, o que veríamos em cada local e custos de entradas no templo. Me lembrei muito uma vez no aeroporto do Galeão quando perguntei a uma moça no balcão de informações onde estariam os guarda-volumes, e ela, com muita simpatia, por eu ter interrompido sua conversa com a amiga, me indicou o caminho.
Almoçamos comida italiana, numa rede famosa no Japão, Saizeriya. Foi a primeira vez que comemos comida ocidental com garfo e faca no Japão. Notamos a falta de sal, mas estava saboroso, além disso o refrigerante era à vontade, experimentei de todos os sabores e ganhei mais calorias.
Ao chegarmos no parque dos templos, encontramos de cara os cervos soltos pela rua. Assim como em Miyajima, eles andam livres, porém aqui estão em muito mais número. Deve-se ter cuidado, eles buscam comida a todo momento, vimos gente correndo de seus ataques e jovens gritando com medo. Há placas pela cidade pedindo cuidado, pois eles podem atacar, dar coice, chute, mordida e cabeçada. É bom só tirar algumas fotos e deixá-los no canto deles. Algumas barraquinha vendem comida para dar-lhes, muita gente faz isso, eu resolvi nem arriscar.
Os templos de Nara são belos. Mas o que mais me chamou a atenção foi o Todaiji, pois seu tamanho é gigantesco e dentro dele há uma estátua enorme de um Buda. Lá também há um tronco grosso com um buraco onde você pode fazer um pedido e passar por ele. Muita gente pagou mico e passou, mais uma vez não me arrisquei, me imaginei entalado ali pelo resto da vida como atração turística da cidade. Comprei algumas lembrancinhas e partimos.
Ainda tínhamos que ir a Osaka, eu tinha deixado uns filmes pra revelar na Yodobashi e tinha que buscá-los. Foto analógica é o meu hobby, e no Brasil isso está morto, tenho que aproveitar Minhas viagens para revelar filmes. Como antigamente, é sempre uma surpresa, já que nem todas as fotos ficam boas.
Eu tenho uma Diana mini da lomography, ano passado me apaixonei pelas fotos que ela produzia, pela magia de tirar uma foto e as cores se mostrarem diferente das fotos digitais, fora a surpresa de uma imagem sair diferente do que você imaginou. De um tempo pra cá a câmera deu problema e as fotos começaram a sair sobrepostas, todas, sem exceção e aí perdi o gosto pela lomografia. Agora utilizo uma Pentax K1000, e as fotos têm ficado muito legais.
Ao buscar os filmes revelados, a atendente não sabia inglês e teve dificuldades para dizer que alguns filmes tinham tido problemas. Como já imaginava alguns problemas com aqueles filmes que entreguei, eu havia compreendido o que a moça queria dizer, mas também não consegui dizer isso a ela, nem ela entendeu. Vimos que ela foi ao computador e voltou com uma frase anotada num papel, ela havia traduzido, mesmo assim não estava muito claro. Ela correu no meio da loja, que é muito grande, e nos trouxe uma moça que falava inglês perfeitamente. Nos explicou todo o problema, que em alguns filmes as fotos estavam sobrepostas, e não foi possível escanêa-los, e que um outro precisava de um processo químico que só ficaria pronto para mais de uma semana daquela data. Eram justamente os filmes que eu havia utilizado na câmera lomográfica.
A câmera Diana é muito frágil, assim como outras da lomography e não são baratas, para não cair num consumismo desnecessário, resolvi desistir dela, e usar métodos mais tradicionais. O Japão é um paraíso analógico, infelizmente não tive dinheiro para aproveitar disso, pois quis aproveitar pra passear, comer e luxar o que podia neste país. Fica pra próxima!