Última dia em Caixias

Após assistir a peça de Bukowiski, passamos por uma lanchonete famosa da cidade chamada Juventus, que lá se chama hamburguereria, ou seja, não se diz lanchonete, sem falar que hambúrguer no dialeto gaúcho se chama xis, e que não necessariamente é um x-búrguer. Pedi então um xis de lombo, minha amiga sugeriu que eu pedisse só a metade, mas aí esqueci, quando me chega o lanche, uma enormidade de sanduíche. Havia maioneses para comermos à vontade, é só ir ao balcão e encher o copinho.

Eu e o Dudu na juventus
Eu e o Dudu na juventus

O xis era extremamente saboroso e o local bem agradável, os garçons nos serviram bem, no geral gostei. Infelizmente no dia seguinte fiquei com uma tremenda infecção intestinal. Ou o sanduíche, ou a maionese, ou qualquer outra coisa inexplicável me deixou assim. Não sabia se no dia seguinte poderia partir nem o que faria.

Uma das melhores soluções para aliviar minha barriga nestes momentos é farinha de mandioca fresca, mas no lado oposto do país pensei que seria difícil encontrar esta iguaria. Tomei um antiácido, depois corri pra farmácia atrás de um repositor da flora intestinal, remédio indispensável para viagens, já que qualquer coisa pode acontecer e nada atrapalha mais um passeio que uma dor de barriga, tomei chá de boldo e comi umas lascas de gengibre também.

Acho que a força maior foi o poder do pensamento, na hora da partida me sentia melhor. E assim parti para a rodoviária de para Porto Alegre. Estava um tanto atrasado, pensei que perderia meu próximo ônibus no sentido Montevidéu. Nunca dormi tanto em ônibus como nessa viagem, acho que era o organismo querendo se recuperar. Foi tudo tranquilo e calmo, nem parecia que eu passava a noite em um ônibus.

Noite em Caxias

Fui ao bar Marechal onde ocorria uma noite cultural com exposição de zines e artes. Entrei e estranhei, pois o local parecia um boteco comum. Achei a cerveja cara para os padrões interior, um latão de Polar eram R$8,00. Não bebi muito, já que tinha me fartado na janta. 

Após esta entrada, vi que o ambiente era muito maior. Havia um pequeno palco e uma área externa mais à frente, onde os artistas mostravam seus trabalhos. Ficamos um tempo por ali. Ouvimos ainda uma banda, e depois saímos para ver mais coisas na cidade.

  Banda tocando
Próximo à estação ferrovoária é onde a coisa fervia. Ouvi música de todos os tipos vindo dos bares e baladas. A que reinava era “sertanejo universitário”. Não é minha onda. Paramos em um bar chamado Mississipi, onde toca blues. Parece legal.

Numa outra noite fomos conhecer algo realmente gaúcho, indo a uma casa chamada Paiol. O local era de madeira, rústico é bonito. Recebi a comanda e logo quando entro escuto a banda cantar o seguinte verso: “sou do tempo que homem gostava só de mulher”. Claro que ri e comentei com os amigos. 

  

  Banda no Paiol
Esperamos um tempo para sentar, as mesas parecem ser bem disputadas. Pedimos uma caldeirada – acho que era este o nome, uma mistura de cerveja preta, branca, conhaque e outras coisas que não lembro. De cara parecia doce, eu e minha amiga não gostamos muito porém tomamos quatro jarras. Pedimos linguiça bock, cachaças temperadas e bolinhos para matar a fome. Tudo muito bom.

O mais interessante foi ver como as pessoas vivem sua cultura. Vi alguns homens com o traje típico gaúcho e me adimirei. Ouvi o parabéns gaúcho. Gostei de ver que as pessoas honram suas tradições. Não é à toa que já buscaram sua independência. Realmente têm algo diferente do resto do Brasil e que também não é Europa. 

Numa outra noite fui fazer algo mais “cult”, fui à uma peça de teatro. Bukowiski – histórias da vida subterrânea. Não conhecia muito sobre o cara. Dei uma lida antes pra saber um pouco. Foi muito interessante, teatro e arte no geral mexe muito conosco. Quero em breve ler algo de Bukowiski, embora eu acredite que não me identificarei muito com o tipo de literatura. 

  Palco
Isto foi um pouco da minha diversão noturna. De resto ficamos em casa papeando, botando conversa em dia.