Lima

Gosto muito de Lima e não sei explicar porque. Não é uma cidade moderna e rica, nem super badalada, mas sempre me senti muito bem em estar por lá.

Rapidíssimo se pode conhecer a cidade. O pouco tempo que fiquei me levou a ótimos lugares.

scan0032 Miraflores –  Parque del Amor
A hospedagem é certamente perfeita no bairro de Miraflores. Local com acesso a tudo que se necessita, bem estruturado e cuidado. Cheio de parques, pessoas praticando esportes ou passeando com seus cachorros. Local de lanchonetes, restaurantes e baladas. É uma Lima rica. Hospedei-me no Kaclla, há muitos outros lugares, gostei deste pois me senti à vontade. No local há um cachorro sem pelo peruano. Pra quem não gosta de animal, melhor fazer outra escolha.

scan0016Cãozinho do Kaclla

Em Miraflores é obrigatória caminhada até o parque del amor é um passeio até o farol. Se tiver uma grana e coragem pode fazer o passeio de paraquedas. Recomendo muito, embora eu não tenha feito.

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Dali pega-se um táxi, combinando sempre o preço com o taxista antes de entrar no carro. Dependendo do local e número de pessoas o preço varia. Os taxistas em geral foram legais e foi fácil de combinar preços. Se te percebem como turista cobrarão caro, com certeza.
Passeamos pelo centro histórico. Olhamos à praça de armas, os prédios governamentais. Olhamos souvenirs, aqui bem caros. Mais tarde tomamos um ônibus de turismo que nos levou ao cerro San Cristóbal. Falarei dele em outro post.

IMG_1232Panorâmica do centro de Lima

Preto e Branco 35mm em Colonia del Sacramento

Munido com minha Pentax K1000, fiel companheira, desci na terminal de buses da cidade de Colónia del Sacramento e iniciei minha experiência fotográfica do dia.

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Uma das primeiras visões foram as ruas quietas, quase desertas, com suas árvores sem folhas, bem iluminadas por um sol de inverno.

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Ao pensar em Uruguai, me vem à cabeça um país livre ideologicamente, à frente no mundo.  Este quadro em frente a um estabelecimento comercial me chamou a atenção, além disso gostei da sombra no momento e pensei que faria uma foto legal.

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Mais adiante na parte mais histórica encontro cafés e restaurantes no meio da rua mesmo.

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Aí, de repente uma máquina de costura te serve de mesa de bar.

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A famosa Galeria de los suspiros. Sua parede rosada aparece pálida em preto e branco.

Farol

De repente o farol

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As ruínas de uma antiga construção e o firme  farol, ponto de visita. É possível subir e admirar a cidade do alto.

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Carros antigos são, certamente, uma grande atração da cidade que realmente parece ter parado no tempo.

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Finalmente o rio, embora não se possa perdê-lo de vista na visita pela cidade.

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Barcos atracados

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A caminhada terminou à beira do rio, onde desci, me aventurei sobre as pedras para poder tocar em suas águas. Fazia frio com sol,  a água gelada e aparentemente limpa. O céu levemente nublado e as águas turvas aumentavam a sensação de cinza neste horário, tornando o rio realmente prata.

 

De bici em Montevidéu 

Como de costume pelas cidades que visito, aluguei uma bicicleta para conhecer melhor alguns locais e sentir a cidade mais de perto.

Como nada estava barato em MVD, o aluguel saiu por 500 pesos uruguaios, eu ainda estava sem ideia de quanto isto valia, eram cerca de R$ 50. 

Comecei pelo próprio bairro que estava (Barrio Sur) e desci para a praia ou melhor para a Rambla. Não havia ciclofaixa, mas os carros me respeitavam bem, davam a vez e mantinham distância.

  Playa Ramirez

 A calçada pela Rambla era ampla, pedalei sem preocupações. Fui até o parque Rodó, com seu belo lago e relativa arquitetura atraente. Vi pessoas passeando com seus cães. Tirei umas fotos e parti. 

Continuei beirando o rio da Prata até o farol de Punta Carreras. Encontrava-se distante da avenida e se não estivesse eu numa bike, jamais teria caminhado até lá. Experimentei um pouco da paz e paisagem. Observei os pescadores e admirei a cidade.

  Pausa na Rambla Presidenre Wilson para descansar e tirar umas fotos. O monumento me intrigou, não sei o que é. Poderia ser indígena, mas como o Uruguai dizimou a população nativa, não creio que  o seja.
  Faro de Punta Carretas 

Segui até Pocitos, outra localidade de Montevidéu, mais chique e moderna, lá é onde se encontra o letreiro colorido com o nome da cidade. Estava morto de fome, mas não encontrei local para prender a bicicleta. Então continuei pela avenida Brasil, pois queria chegar ao estádio Centenário, palco da primeira Copa do Mundo. Não que eu seja fã, mas quis conhecer. 

Tive dificuldade para chegar até lá pois o caminho era uma ladeira e me perdi nas entradas e saídas, além de que havia muito movimento de veículos . Chegando ao local, dei uma volta e parei para descansar. O estádio não tem nada de mais, porém o ambiente é gostoso e ainda havia um monumento legal sobre imigração.

Encontrei um restaurante legalzinho, bem local, prendi a bike numa barra de metal e fui almoçar. 

Finalmente foi uma refeição menos cara, 180 pesos e bem farta.

  Esperando o rango

Ainda havia muito mais a ser visto, porém estava me cansando demais, minhas pernas estavam doendo. Pedalei pelos bairros, fui até o centro e próximo ao por do sol devolvi a bike. 

Walking Tour Montevideo

Assim que deixei as malas no hostel segui para a Plaza Independencia para encontrar o grupo do passeio.

Parei em um café, pois ainda daria tempo, comi duas medias lunas, una tostada e um cortado. Me saiu 190 pesos, estava confuso com conversões, achei que era barato, mas logo me dei conta que eram cerca de 20 reais. Nunca no Brasil eu gastaria tal valor.

Caminhei e fui apreciando a cidade. Arquitetura de prédios baixos e cinzas, estilo europeu que lembra Buenos Aires, Madrid e levemente Paris, mostrando que em algum momento a cidade já ostentou riquezas. 

O passeio, como Walking Tours costumam ser, foi extremamente enriquecedor. Recomendo muitíssimo encontrar a galera na Plaza Independencia às 11:00 para o passeio

Nos mostraram os principais pontos e suas curiosidades. O prédio da divina comédia, o palácio presidencial, monumento a Artigas, patrono da independência do país.

  

Monumento à Artigas e Palavio Salvo ao fundo 

Logo seguimos ao Portão de entrada da cidade velha. Fomos ao Teatro Solís, à Rambla que é a orla do rio da Prata, visitamos a catedral, praças e prédios de valor histórico. Conhecemos as teorias para o nome da cidade, falamos de crise, Mujica, legalização da maconha, governo socialista e na transformação do Uruguai nos últimos tempos, com muita sorte acompanhado de um mate uruguaio preparado por um hermano argentino que nos acompanhava. 

Terminamos no mercado, onde entregamos nossa gorjeta à guia. Deixei 200 pesos, poderia ter deixado mais, porém estava sem noção de valores ainda. 

Não estava a fim de comer por ali, precisava fazer o cambio. Tentei fazer algumas amizades, mas estava um pouco cansado e desinteressado no momento. 

   
A entrada para a cidade antiga

 
Chafariz da praça da catedral. O Wi-Fi é grátis em todas as praças da cidade. Chora jampa digital!

Foi certamente um passeio delicioso. Gosto sempre deste contato com pessoas locais que te ensinem sobre o lugar. No futuro aproveitarei mais do couch surfing e enriquecer minha experiência. 

Última dia em Caixias

Após assistir a peça de Bukowiski, passamos por uma lanchonete famosa da cidade chamada Juventus, que lá se chama hamburguereria, ou seja, não se diz lanchonete, sem falar que hambúrguer no dialeto gaúcho se chama xis, e que não necessariamente é um x-búrguer. Pedi então um xis de lombo, minha amiga sugeriu que eu pedisse só a metade, mas aí esqueci, quando me chega o lanche, uma enormidade de sanduíche. Havia maioneses para comermos à vontade, é só ir ao balcão e encher o copinho.

Eu e o Dudu na juventus
Eu e o Dudu na juventus

O xis era extremamente saboroso e o local bem agradável, os garçons nos serviram bem, no geral gostei. Infelizmente no dia seguinte fiquei com uma tremenda infecção intestinal. Ou o sanduíche, ou a maionese, ou qualquer outra coisa inexplicável me deixou assim. Não sabia se no dia seguinte poderia partir nem o que faria.

Uma das melhores soluções para aliviar minha barriga nestes momentos é farinha de mandioca fresca, mas no lado oposto do país pensei que seria difícil encontrar esta iguaria. Tomei um antiácido, depois corri pra farmácia atrás de um repositor da flora intestinal, remédio indispensável para viagens, já que qualquer coisa pode acontecer e nada atrapalha mais um passeio que uma dor de barriga, tomei chá de boldo e comi umas lascas de gengibre também.

Acho que a força maior foi o poder do pensamento, na hora da partida me sentia melhor. E assim parti para a rodoviária de para Porto Alegre. Estava um tanto atrasado, pensei que perderia meu próximo ônibus no sentido Montevidéu. Nunca dormi tanto em ônibus como nessa viagem, acho que era o organismo querendo se recuperar. Foi tudo tranquilo e calmo, nem parecia que eu passava a noite em um ônibus.

Noite em Caxias

Fui ao bar Marechal onde ocorria uma noite cultural com exposição de zines e artes. Entrei e estranhei, pois o local parecia um boteco comum. Achei a cerveja cara para os padrões interior, um latão de Polar eram R$8,00. Não bebi muito, já que tinha me fartado na janta. 

Após esta entrada, vi que o ambiente era muito maior. Havia um pequeno palco e uma área externa mais à frente, onde os artistas mostravam seus trabalhos. Ficamos um tempo por ali. Ouvimos ainda uma banda, e depois saímos para ver mais coisas na cidade.

  Banda tocando
Próximo à estação ferrovoária é onde a coisa fervia. Ouvi música de todos os tipos vindo dos bares e baladas. A que reinava era “sertanejo universitário”. Não é minha onda. Paramos em um bar chamado Mississipi, onde toca blues. Parece legal.

Numa outra noite fomos conhecer algo realmente gaúcho, indo a uma casa chamada Paiol. O local era de madeira, rústico é bonito. Recebi a comanda e logo quando entro escuto a banda cantar o seguinte verso: “sou do tempo que homem gostava só de mulher”. Claro que ri e comentei com os amigos. 

  

  Banda no Paiol
Esperamos um tempo para sentar, as mesas parecem ser bem disputadas. Pedimos uma caldeirada – acho que era este o nome, uma mistura de cerveja preta, branca, conhaque e outras coisas que não lembro. De cara parecia doce, eu e minha amiga não gostamos muito porém tomamos quatro jarras. Pedimos linguiça bock, cachaças temperadas e bolinhos para matar a fome. Tudo muito bom.

O mais interessante foi ver como as pessoas vivem sua cultura. Vi alguns homens com o traje típico gaúcho e me adimirei. Ouvi o parabéns gaúcho. Gostei de ver que as pessoas honram suas tradições. Não é à toa que já buscaram sua independência. Realmente têm algo diferente do resto do Brasil e que também não é Europa. 

Numa outra noite fui fazer algo mais “cult”, fui à uma peça de teatro. Bukowiski – histórias da vida subterrânea. Não conhecia muito sobre o cara. Dei uma lida antes pra saber um pouco. Foi muito interessante, teatro e arte no geral mexe muito conosco. Quero em breve ler algo de Bukowiski, embora eu acredite que não me identificarei muito com o tipo de literatura. 

  Palco
Isto foi um pouco da minha diversão noturna. De resto ficamos em casa papeando, botando conversa em dia. 

Reflexões do último dia

O que fazer no último dia de viagem? Você está num local maravilhoso, já curtiu muito, tem aquela vontade de não ir embora e continuar neste sonho chamado férias, mas sabe que tem partir, e não há nada que vai permitir o contrário. O que já penso é: caramba, voltar pro brasil, pra insegurança de não poder tirar uma foto na rua, de ter que prestar atenção em quem vem ou vai pra todos os lados, estar atento na rua, no carro e até dentro de casa, enfim tudo que sabemos, e além de tudo voltar pra rotina, a coisa que mais detesto, e tenho pavor. Já penso em mudar tudo, largar o emprego, estudar, mudar de profissão, fazer algo diferente, no entanto sei que ficarei na mesma.

Último dia! Momento de sofrimento e ansiedade, pensando nas próximas horas. Nove horas até São Francisco, umas três para Houston, mais de pro Rio, chegar no Brasil amanhã, num dia que terá mais de 24 horas, e ainda esperar 12 horas no Rio para com mais 3 chegar à João Pessoa, na madrugada de uma segunda para cedo de manhã retornar ao trabalho, num tempo biológico diferente do real. Somente com muita força penso em encarar, enquanto não chega, vou aproveitar o máximo que puder o hoje.

Retorno à Tóquio

Pela janela do trem as luzes. Cores e gente para todos os lados. O formigueiro japonês. Já virei japones também. Estou nascendo para essa nação. Me empatizei. Comparo-os aos incas, se os europeus tivessem deixado-os em paz, talvez teriam se tornado um país como este, com sua própria cultura, tradição e desenvolvimento. Um país muito rico, cheio de ouro. A sorte do Japão, talvez, foi o isolamento.
Enfim Tóquio, está acabando!
Desde alguns dias eu estava louco para revelar uns filmes. Mais entendido da cultura e dos espaços, na mesma noite que cheguei, após ver os amigos, levei-os a me acompanhar e achar a loja da lomography para enfim deixar os filmes e revelá-los. Botei no Google e partirmos para o endereço. Quem disse que eu encontrava? Parei numa loja, ninguém conhecia, parei em outra e ninguém sabia do endereço, ou não estava muito disposto a ajudar. Até que numa loja diferente, vendiam trens em miniatura para coleção, o balconista acessou a internet, buscou o endereço e disse que ficava no Arts Chiyoda (um centro de artes do bairro), apontou a direção e seguimos, mas não encontrava, além disso chovia. Sorte que todos estávamos animados, conversando bastante devido o reencontro e agora haviam mais duas novas participantes chegadas da Paraíba, estávamos emocionados elogiando o Japão e mostrando os lugares. 
Parei então numa lanchonete de cachorro quentes e perguntei do Arts Chiyoda, um dos trabalhadores ( sempre acho que é o dono ) pegou seu guarda-chuva saiu na rua e simplesmente nos levou até o local que ficava a mais umas duas quadras. Conversou comigo em inglês e no final nos convidou para irmos à seu restaurante. Eu tinha plena certeza que me pediria dinheiro, mas claro que não pediu. 
A loja que eu procurava estava fechada, não fomos ao hot dog, fomos para outro local, em Akihabara mesmo, procurar um karaokê.

O fim se aproxima – prelúdio!

Chegamos de volta à Tóquio. Estamos cansados, as malas muito mais pesadas, o corpo também. O fim se aproxima e a volta se acerca.

Andamos procurando nosso novo hostel, cheio de pensamentos e esperanças, nos perguntando o que ainda nos aguarda, onde ainda iremos,  o que veremos para ter um gostinho a mais de Japão neste fim de viagem.

As sensações e percepções já estão trocadas, algumas experiências novas acabaram de ser retiradas da longa bucket list. Vimos o que nunca tínhamos visto, comemos o que não conhecíamos, aprendemos novas comunicações, verbais e não verbais. Enfim, de volta à Tóquio e já somos outros. Já não sou mais eu, nem ele é mais ele.

Falta pouco e de volta ao Brasil. Procuramos deixar o amanhã só para amanhã mesmo, e viver o hoje, pois hoje estamos aqui, somente hoje e quem sabe quando mais? Pela dúvida estamos vivendo cada segundo. Contemplando o agora e principalmente o aqui. Guardando este souvenir em nós mesmos, pois este não tem corpo nem físico, e mesmo que na memória ele poderá se apagar, então vivemos só aqui.

No trem saindo de Yudanaka

Pegamos o trem local bem tristes! Estávamos partindo de Nagano…

Comprei um biscoito e chocolate quente para me alimentar.
A neve ficou mais forte e fiquei admirando pela janela do trem a bela paisagem.  A cidade sob a neve. Sempre pensando como devia ser a vida ali, como deveria ser sem a neve, um pouco triste pelo fim próximo, fazendo planos para os próximos meses de volta à casa.
Aí então em determinada estacão, o trem lota de crianças em torno de seus 7 a 9 anos, estudantes com suas mochilas padronizadas e com uma etiqueta de identificação em cada . Nada de mochila da Barbie, Monster High, Lilica, etc. Uma mochila quadrada da qual uma mãe brasileira comum diria, que coisa brega, horrível!

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Mochila Japonesa

Algumas nos admiravam, apontavam em nossa direção e falavam entre sim. Mas logo passou. Outras pegaram livros e liam umas pras outras. Havia algumas brigas, e também brincadeiras. Cada uma sabia onde descer, desciam só e logo abriam suas sombrinhas para se proteger da neve que caía forte. Havia inclusive uma criança Down, e que foi ajudada pelas outras até a estação final, onde todos descemos.
Partimos para a estação JR, com nossas malas de 1 tonelada cada. Compramos maçãs do tamanho de um globo terrestre e obentôs para nos alimentar.
Em pouco mais de uma hora chegaríamos em Tóquio. Era nosso último trem bala na viagem. Fui na janela observando a paisagem mudar das montanhas à planície da baía de Tóquio. A noite estava caindo, a luz branca aos poucos ganhava tons de azul, prenunciado o escuro.

Chegamos à noite, e seguimos para nosso último Hostel onde encontraríamos os amigos. Chovia em Tóquio, o vento frio deixava a sensação térmica mais gelada que a neve em Nagano. A cidade brilhava em cores de neon.