Macacos e Gentileza

Acordamos e resolvemos tomar mais um delicioso banho de onsen. Estava de dia e admiraríamos melhor o local. Aproveitamos cerca de uma hora no banho e fomos levado pelo filho dos donos da hospedagem até o parque. Ele nos indicou onde deveríamos pegar a condução de volta ao hotel, nos deixou na entrada do parque onde devíamos prosseguir a pé por cerca de 1.6km. O dia estava frio com neve pra todo lado.

Entrada do Parque Jigokudani
Entrada do Parque Jigokudani

Iniciamos a caminhada por uma escadinha e prosseguimos pela trilha de gelo. O hotel nos havia emprestado botas, o que foi essencial pois se não teríamos os pés molhados e congelados. Era um local lindíssimo, altas árvores e muito gelo, não havia muito movimento, então sentíamos o silêncio e a harmonia com a natureza.  Lembrei muito de um quando criança e jogava Looney Tooneys no mega drive, e também de Red Dead Redemption quando John Marston anda por Tall Trees. Uma paisagem bem parecida.
Tirei muitas fotos com a câmera analógica. Seria uma grande perda não ter registrado o local.

Eu posando no gelo!
Eu posando no gelo!
Muita neve
Muita neve
Árvores e neve
Árvores e neve

Na trilha já vimos traços de animais. Pegadas e fezes, ficamos receosos de ser atacados.
Chegando ao fim da trilha havia uma outra paisagem, um pequeno caminhão atolado no gelo, que me rendeu mais fotos, e um hotel. Havia também um grande buraco que expelia um forte vapor, e um cheiro leve de ovo podre, no caso enxofre, a terra respirando.

A primeira vista no fim do caminho
A primeira vista no fim do caminho
A terra respirando
A terra respirando

Entramos para ver os macacos no onsen, já observamos muitos logo na entrada. Corriam, brincavam, brigavam e catavam piolhos uns nos outros. Subimos uma grande escada atravessamos o rio e chegamos ao onsen dos macacos. Todos bem relaxados e calmos. Acariciando uns aos outros, acalentando o corpo naquele local gelado. Ficamos contemplando, observando a vida é a harmonia que os animais tem com a natureza. Ali, sem medo nenhum dos humanos, vivendo pacificamente sem ninguém lhes dando comida ou tentando pegar-lhes. Interessante como os turistas os respeitam neste aspecto, exceto pelo número excessivo de câmeras com longas lentes enfiada quase na cara dos pobres macacos. Temos que ficar desviando dos tripés ou mesmo câmeras pelo chão, Wendel quase chutou uma sem querer.

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Catando piolho!
Catando piolho!
Curtindo uma piscininha!
Curtindo uma piscininha!
Bem de boa relaxando
Bem de boa relaxando
Família Símea
Família Símea

Depois de um longo tempo fomos embora,  entramos no centro de apoio aos turistas logo na entrada do parque para aquecer nossos pés que, apesar das botas, estavam muito gelados. Comprei uns postais e tomei chocolate quente. Na saída começou a nevar grosso. Foi um momento também especial, pois estávamos no meio da floresta, próximos à um rio e a neve caindo, uma sensação para se guardar especialmente na memória.

Na hora da neve
Na hora da neve
Eu brincando com a neve feito besta
Eu brincando com a neve feito besta

Saindo finalmente do parque, fomos ao local indicado para pegar a condução de volta. Não chegaria outro em 50 minutos, estava nevando muito e bastante frio. Perguntamos a uns turistas onde havia ônibus, ninguém sabia explicar. Todos tinham cara de ricos e de que estavam hospedados por ali mesmo. Resolvemos pegar um táxi, que segundo a lenda, é muito caro no Japão. Voltamos para onde havia um ponto com vários taxistas até que passa um carro, para e dá ré. Era nosso anfitrião, o senhorzinho, foi nos pegar. Entramos no carro quentinho, agradecemos milhares de vezes e ele foi conversando o caminho todo, não entendemos nada!
No hotel recebemos umas bolsinha para colocar no bolso e esquentar nossas mãos. Voltaríamos para Tóquio, muito tristes pois nossa viagem chegava mais próximo ao fim.

Uma noite de noodles e onsen

Chegamos a um belo hotel/ryokan em Nagano: Yudanaka Seifuso. Escolhi este porque tinha onsen com água naturalmente aquecida.
Era realmente confortável, fomos recebidos com chá e biscoitos, estávamos famintos. Descansamos um pouco, procuramos logo um local para comer. Nos indicaram um restaurante próximo à esquina.

Esperando o jantar
Esperando o jantar

Era um restaurante tradicional, poderíamos sentar no chão, mas fomos orientados a sentar no balcão mesmo. Já estava próximo a fechar, havia apenas o dono servindo, e dois caras bebendo. Nos olhavam curiosos!
Pedimos cerveja, churrasco de frango, Lámen e guiozas. Foi tudo muito barato e gostoso. O dono, muito simpático, pensou que éramos australianos, mais uma vez vimos um japonês se impressionar porque éramos burajiru jin (brasileros). Vimos um Daruma enorme com um olho só pintado, vimos também uma colmeia gigante exposta em uma redoma de vidro. Conversamos mais um pouco e partimos.

Dois Gaijins. Observa-se no alto à direita a colméia.
Dois Gaijins. Observa-se no alto à direita a colméia.

No hotel descansamos um pouco, vestimos nossas yukatas e fomos pro onsen. Esperava encontrar mais gente, mas por sorte estava vazio, era só nosso.
Tiramos nossas roupas, guardamos tudo em um cesto e entramos no local. Haviam os chuveiros e logo adiante o onsen, quadrado e com o fundo de pedra preta, tudo esfumaçando. Com as fotos abaixo é possível viusalizar, estão fora de foco porque tirei na pressa com medo de chegar alguém.

Tomamos nosso banho e depois entramos na água. Era muito quente e fui entrando aos poucos. Sentei e relaxei. Não aguentamos muito. Logo ficamos moles e saímos, eu queria aproveitar muito mais, tomei então uma ducha mais fria pra refrescar, e fiquei nesse ritmo entra e sai. Foi ótimo e muito relaxante, ficamos um bom tempo mergulhados admirando o céu estrelado e ora brincando com a neve que resistia atrás de algumas pedras em volta a um jardim.

Chuveiros para o banho!
Chuveiros para o banho!
O onsen À 45°C
O onsen À 45°C

Na saída ficamos dando uma volta pra ver o hotel e uma senhora, que depois percebemos ser a dona, nos levou pra ver todos os locais do estabelecimento. Nos apresentou os outros onsens, havia um privado, outro público, mas fechado, e um feminino, este ela não nos levou. Foi muito simpática – conversou muito em japonês, entendemos só 3% da conversa. Achamos interessante porque ela estava muito à vontade conosco, inclusive se trancou em um dos onsens. No Brasil jamais se faria isso pelo perigo e violência.

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Parte externa do Yudanaka

No final chegou seu marido e ficou muito curioso sobre o Brasil, perguntou se tínhamos leões, elefantes e tigres nas florestas. E nós tentamos explicar um pouco de nossa fauna, que não era desse jeito. A conversa foi tão boa que o senhorzinho nos prometeu levar-nos às 9 horas para o parque dos macacos. Fomos dormir para esperar o grande dia que viria.

Gostaria muito de voltar e relaxar o tanto que relaxei ali!