De ônibus para Montevidéu

Como estava em Porto Alegre, pensei que poderia visitar o Uruguai. Comprei a passagem e saí numa segunda à noite. Todas as passagens são para a noite. Fui pela empresa TTL, saímos às 20:00. Deve-se chegar 30 minutos antes para deixarmos o documento, sendo RG ou passaporte, pois um funcionário da empresa faria nossa imigração.

Resolvi comprar assento no corredor por mais espaço para esticar minhas pernas e levantar-me quando quisesse. Do meu lado foi um garoto uruguaio, muito interessado em praticar seu português.

O ônibus era confortável, havia bastante espaço, o banco reclinava o suficiente e os pés ficavam bem acomodados. Não sei se todos os ônibus são iguais. Eu estava faminto e com sede, comprei duas garrafinhas d’água antes de entrar, mas havia água no bus, além de serviço de bordo com janta.

O trajeto era de cerca de doze horas, dependendo do tempo perdido na fronteira com a imigração. A viagem foi muitíssimo confortável, dormi muito bem, não senti frio. Vi algumas pessoas cobertas, não sei se devia pedir cobertor, mas minha jaqueta resolveu. De manhã nos serviram o café, e nos devolveram os documentos. Chegamos à Montevidéu um pouco antes das 8 da manhã, faziam 6 graus. O terminal Tres Cruces era limpo e organizado, fora das plataformas era um shopping pequeno. Troquei parte de meu dinheiro ali mesmo. R$ 1,00 = UYU 8 e US$ 1,00 = UYU 26.  Fora do terminal rodoviário os preços eram melhores.

Última dia em Caixias

Após assistir a peça de Bukowiski, passamos por uma lanchonete famosa da cidade chamada Juventus, que lá se chama hamburguereria, ou seja, não se diz lanchonete, sem falar que hambúrguer no dialeto gaúcho se chama xis, e que não necessariamente é um x-búrguer. Pedi então um xis de lombo, minha amiga sugeriu que eu pedisse só a metade, mas aí esqueci, quando me chega o lanche, uma enormidade de sanduíche. Havia maioneses para comermos à vontade, é só ir ao balcão e encher o copinho.

Eu e o Dudu na juventus
Eu e o Dudu na juventus

O xis era extremamente saboroso e o local bem agradável, os garçons nos serviram bem, no geral gostei. Infelizmente no dia seguinte fiquei com uma tremenda infecção intestinal. Ou o sanduíche, ou a maionese, ou qualquer outra coisa inexplicável me deixou assim. Não sabia se no dia seguinte poderia partir nem o que faria.

Uma das melhores soluções para aliviar minha barriga nestes momentos é farinha de mandioca fresca, mas no lado oposto do país pensei que seria difícil encontrar esta iguaria. Tomei um antiácido, depois corri pra farmácia atrás de um repositor da flora intestinal, remédio indispensável para viagens, já que qualquer coisa pode acontecer e nada atrapalha mais um passeio que uma dor de barriga, tomei chá de boldo e comi umas lascas de gengibre também.

Acho que a força maior foi o poder do pensamento, na hora da partida me sentia melhor. E assim parti para a rodoviária de para Porto Alegre. Estava um tanto atrasado, pensei que perderia meu próximo ônibus no sentido Montevidéu. Nunca dormi tanto em ônibus como nessa viagem, acho que era o organismo querendo se recuperar. Foi tudo tranquilo e calmo, nem parecia que eu passava a noite em um ônibus.

Noite em Caxias

Fui ao bar Marechal onde ocorria uma noite cultural com exposição de zines e artes. Entrei e estranhei, pois o local parecia um boteco comum. Achei a cerveja cara para os padrões interior, um latão de Polar eram R$8,00. Não bebi muito, já que tinha me fartado na janta. 

Após esta entrada, vi que o ambiente era muito maior. Havia um pequeno palco e uma área externa mais à frente, onde os artistas mostravam seus trabalhos. Ficamos um tempo por ali. Ouvimos ainda uma banda, e depois saímos para ver mais coisas na cidade.

  Banda tocando
Próximo à estação ferrovoária é onde a coisa fervia. Ouvi música de todos os tipos vindo dos bares e baladas. A que reinava era “sertanejo universitário”. Não é minha onda. Paramos em um bar chamado Mississipi, onde toca blues. Parece legal.

Numa outra noite fomos conhecer algo realmente gaúcho, indo a uma casa chamada Paiol. O local era de madeira, rústico é bonito. Recebi a comanda e logo quando entro escuto a banda cantar o seguinte verso: “sou do tempo que homem gostava só de mulher”. Claro que ri e comentei com os amigos. 

  

  Banda no Paiol
Esperamos um tempo para sentar, as mesas parecem ser bem disputadas. Pedimos uma caldeirada – acho que era este o nome, uma mistura de cerveja preta, branca, conhaque e outras coisas que não lembro. De cara parecia doce, eu e minha amiga não gostamos muito porém tomamos quatro jarras. Pedimos linguiça bock, cachaças temperadas e bolinhos para matar a fome. Tudo muito bom.

O mais interessante foi ver como as pessoas vivem sua cultura. Vi alguns homens com o traje típico gaúcho e me adimirei. Ouvi o parabéns gaúcho. Gostei de ver que as pessoas honram suas tradições. Não é à toa que já buscaram sua independência. Realmente têm algo diferente do resto do Brasil e que também não é Europa. 

Numa outra noite fui fazer algo mais “cult”, fui à uma peça de teatro. Bukowiski – histórias da vida subterrânea. Não conhecia muito sobre o cara. Dei uma lida antes pra saber um pouco. Foi muito interessante, teatro e arte no geral mexe muito conosco. Quero em breve ler algo de Bukowiski, embora eu acredite que não me identificarei muito com o tipo de literatura. 

  Palco
Isto foi um pouco da minha diversão noturna. De resto ficamos em casa papeando, botando conversa em dia. 

Resumão de Caxias

Meu maior propósito era visitar minha amiga, então não me preocupei muito com nenhum roteiro ou festa. 

Caxias fica na serra gaúcha e é uma cidade acidentada, muitas subidas e descidas. Estou desacostumado, já que João Pessoa não tem muitas alterações de terreno. As ruas são em geral retas e é fácil chegar aos locais.

Conheci de primeira a antiga estação de trens, bonitinha com alguns grafites de alto valor artístico.

   Grafite 
A​ estação 

De lá caminhamos mais distante até a catedral

   Catedral
 Praça em frente à catedral

Não sou muito religioso, mas entrei pra ver a arte. A praça é agradável, aparentemente segura. 

Seguimos pelo centro, fomos ao SESC comprar ingresso para a peça de Bukowiski. Depois paramos na igreja são Pelegrino de bela arquitetura externa. Me impressionou sua grande porta e também sua arquitetura interna, com pinturas mais modernas e muito expressivas. Sua arquitetura interna também me impressionou, ela é ampla e aproveita muito a luz externa.

   Porta
   Pietá
Depois, em uma longa caminhada chegamos à Casa de Pedra. Uma pequena construção que data do século 19 foi inicialmente residência, construída em pedra. Não é a única da cidade, mas a prefeitura tomou como patrimônio para lembrar a história do local. Fomos muito bem recebidos pela equipe que ali trabalha, o local é bonito, embora barulhento devido à avenida lateral.

   Parreiral e casa
 Pequena parte da cozinha da casa

Ali próximo está o local onde ocorre a festa da uva, há algumas atrações no local, mas sem carro decidimos não ir. Há uma grande imagem do Cristo do 3º milênio.

De uma cidade que parecia não ter nada, descobrimos muitas coisas. Sem mencionar que não fui aos parques, nem em outras atrações da cidade.

Um dia de chuva em POA

Tive pouco mais de 24 horas pra conhecer a cidade. Fiquei em moinhos de ventos, bairro classe alta. O táxi foi baratíssimo, 20 reais. Fiz o checkin no pior hostel que já fiquei na vida, Obah hostel. Jantei por ali e dormi. 

No dia seguinte fui primeiro revelar meia filmes antigos e em seguida parque moinho de ventos. Bonitinho e agradável com seu laguinho, tartarugas e o moinho.

  
Em seguida fui pra rua mais bonita do mundo, Rua Gonçalo de Carvalho. Realmente muito bonita, nos entrega uma sensação de paz quando há silêncio. No tripadivisor vi muitas avaliações dizendo que não tinha nada demais, bom, a beleza está nos olhos de quem vê. Almocei no shopping ao lado e caminhei até a rodoviária pra comprar minha passagem a Montevidéu.

  Rua Gonçalo de Carvalho
Quando saio da rodoviária o céu despenca. Corro até a estação de trem para seguir ao mercado. Tudo já estava molhado e não pude apreciar muito. Há de tudo um pouco, muitas castanhas e nozes, frutas, frios, casas de artigos religiosos africanos e uma loja muito boa de bebidas com muitas cervejas importadas. 

Corri na chuva, comprei um guarda-chuva por 10 reais e caminhei mais tranquilo. Visitei a casa de Quintana, onde tomei um café apreciando a vista. 

  Vista do Guaíba

Apreciei algumas artes, tirei algumas fotos, mas não explorei muito o local. 

De lá fui ao gasômetro ainda sob chuva. Apreciei à vista e segui pra Catedral. Muito linda por dentro, com uma bela praça à frente. 

Desci o viaduto e peguei um ônibus ao parque Farroupilha. “Deu ruim”. Chovia muito e tudo estava alagado, desistir e fui tomar um café para voltar ao hostel.

De noite tomei uma cerveja tcheca próximo ao hostel para partir no outro dia. Até meia noite, a chuva não tinha dado trégua. Ao menos dormi bem.

  

Porto Alegre

Novas férias, julho. Por isso é bom ser professor. Embora o cansaço de todo o semestre, é ótimo ter férias e recesso. Desta vez escolhi um destino nacional, o Rio Grande do Sul. Visitarei duas cidades, mais no intuito de visitar uma amiga que há pouco se mudou para Caxias do Sul. Conhecerei, portanto, Porto Alegre e a cidade da minha amiga.

Fim

Acabou-se o Japão. No trem em sentido ao aeroporto busquei olhar e memorizar cada ponto, cada particularidade local, registrar na mente o que possivelmente demoraria a rever.Pegamos o trem mais lento e mais barato, tive receio que não desse tempo, mas sim deu. Não vi onde restituir meu Suica e Pasmo card. Guardei-os como souvenir. 

No checkin o chão balançou, a atendente disse que não sentiu nada e fiquei pensando se já não estavam tão acostumados que nem sentiam mais o círculo do fogo.

Arrancaram de nossos passaportes os bilhetes de entrada. Narita se despedia de nós.
Após 9 horas chegamos a São Francisco, de volta ao ocidente, à rudez, à sensação de competição ocidental onde um deve ser melhor que o outro. Em contato com os primeiros brasileiros, achavam que os States eram muito evoluídos e organizados. “É porque você nunca esteve no Japão!”

E lá vinham mais de nossos compatriotas, falando alto e rindo, estávamos um pouco desgostosos, pois toda a viagem foi um choque cultural muito grande. Educação, respeito ao próximo, à natureza, gentileza, paciência e calma. Itens que faltavam a mim mesmo. Não posso querer que de uma hora para outra todos os brasileiros tenham mudado. Mas foi chocante perceber o quanto somos esnobes e exibidos, além de egoístas e interesseiros. Ao menos aprendi um pouco e pretendo mudar.

Espero rever-te em breve também, Japão.

   
 

Reflexões do último dia

O que fazer no último dia de viagem? Você está num local maravilhoso, já curtiu muito, tem aquela vontade de não ir embora e continuar neste sonho chamado férias, mas sabe que tem partir, e não há nada que vai permitir o contrário. O que já penso é: caramba, voltar pro brasil, pra insegurança de não poder tirar uma foto na rua, de ter que prestar atenção em quem vem ou vai pra todos os lados, estar atento na rua, no carro e até dentro de casa, enfim tudo que sabemos, e além de tudo voltar pra rotina, a coisa que mais detesto, e tenho pavor. Já penso em mudar tudo, largar o emprego, estudar, mudar de profissão, fazer algo diferente, no entanto sei que ficarei na mesma.

Último dia! Momento de sofrimento e ansiedade, pensando nas próximas horas. Nove horas até São Francisco, umas três para Houston, mais de pro Rio, chegar no Brasil amanhã, num dia que terá mais de 24 horas, e ainda esperar 12 horas no Rio para com mais 3 chegar à João Pessoa, na madrugada de uma segunda para cedo de manhã retornar ao trabalho, num tempo biológico diferente do real. Somente com muita força penso em encarar, enquanto não chega, vou aproveitar o máximo que puder o hoje.

Museu Ghibli

Nosso penúltimo dia em Toquio, muita tristeza no coração. Saí com Wendel para revelar meus filmes. Havia inclusive filmes de nossa viagem ao Peru. Em seguida prosseguiríamos ao museu do estúdio Ghibli.

Era um dos momentos mais esperados da viagem, já havíamos adquirido os ingressos no começo da viagem, receando a falta para a data planejada, pois se esgotam rápido e há limite de ingressos por dia. Compramos em uma maquina automática na loja de conveniência Lawson. 

O museu era num bairro mais distante do centro, próximo a um grande parque, Inokashira Park, estava belo, embora seco, com muitas folhas ao chão, mas cheio de pássaros marrons que pareciam rolinhas, porém muito grandes em relação às brasileiras. Pegaríamos um ônibus logo na saída do metrô, mas não conseguimos encontrar informação. Perguntamos a um policial ele nos disse que poderíamos ir caminhando, foi uma longa caminhada, mas chegamos lá tranquilos. O ingresso foi trocado por um tíquete que era um pequeno recorte de filme cinematográfico de alguma obra do estúdio, com ele entraríamos em uma sessão para assistir o trecho de uma animação que eu não fazia ideia do nome.

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Tíquete para assistir ao filme
Tíquete para assistir ao filme
Entramos na sala, era bem agradável, haviam janelas que logo se fecharam e tudo ficou um breu. A animação era bela e só pesquisando descobri o nome: Hoshi wo katta hi. Não entendemos nada, porque era tudo em japonês, ainda assim foi belo.

O museu era grande e estava bastante cheio, a maioria japoneses, não somos muito conhecedores das animações vimos apenas , Chihiro, Meu vizinho Totoro, O castelo animado e Ponyo. 

Para nós dois, ao andar no museu, tudo remetia a Totoro, na lojinha nada nos interessou muito, comprei uns marca livros, uns postais e chaveiros de souvenir. Talvez não sejamos tão fans. 
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Marca livro

Andamos pra lá e pra cá, a área do museu é grande, há algumas peças que remetem ao filme com grandes efeitos visuais, uma escada espiral que leva ao terceiro andar, muitos sketches, recriações de escritórios do Miyazaki, com livros e obras de arte que o inspiraram, um ônibus gato só para crianças, no geral vale muito à pena, mesmo se você tenha assistido só uns poucos filmes como assistimos. Comemos um cachorro quente. Tiramos fotos na área externa, na interna era proibido. Eu havia comprado uma câmera instantânea preto e branco, só pra treinar meu olhar com este tipo de filme.

No telhado do museu
No telhado do museu
Senhora com seu grupo
Senhora com seu grupo
Escada externa
Escada externa
Escada externa
Escada externa
Na saída do museu
Na saída do museu
Tomamos o ônibus até a estação Mitaka, como estavamos famintos procuramos logo restaurantes, e isto não falta no Japão. Dividimo-nos em dois grupos, uns foram comer comida japonesa e outros italiana. Claro que eu comi japonesa. De la fui às lojas e terminamos o dia no albergue mesmo.

Karaokê

Eu me sentindo estrela
Eu me sentindo estrela

Já com todos reunidos. Um grupo de 7 pessoas, brasileiros, paraibanos de sangue ou coração. Chegou o momento do karaokê. Peregrinamos em Akihabara para encontrar o local onde os outros participantes do grupo haviam visto no dia anterior. Era um prédio próximo à estação de trem JR. Pagamos 4000 Ienes por pessoa para passarmos 2 horas cantando e bebendo à vontade todos os drinks do cardápio. Cantamos de tudo, até mesmo a clássica do Kaoma, chorando se foi, Toxic da Britney, e nossa favorita Total Eclipse of The Heart. Só não tinha o famoso pagode japonês do “lixo maravilhoso“. Bebi drinks que não conhecia e nem lembro mais o nome, depois de tantos drinks nem sei como lembro de alguma coisa. Nos vestimos com fantasias que haviam lá e certamente nos divertimos muito.

Todxs cantando
Todxs cantando
Ao irmos de volta para o albergue estávamos muito felizes de bebida, foi a única vez que saímos da linha, falamos alto, rimos, estávamos bem brasileiros.
Dormi profundamente no albergue.