Uma das maiores experiências nesta viagem foi passar a noite em um templo. Procurando pela internet encontrei vários em um local chamado Monte Koya ou Koyasan. Descobri que era um local de peregrinação japonês e por isso havia tantos templos. Para reservar encontrei um site que reservava todos as hospedagens tradicionalmente japonesas, mas então consegui encontrar o site do próprio templo, o que foi melhor, pois encontrei um preço mais barato.
Para chegar a Koyasan tivemos que pegar um metrô até uma cidade distante, depois pegamos outro trem até o cable car que nos deixava na parada do ônibus para o destino final. Foram cerca de 2h de trajeto.
No cable car já começamos a ver gelo pelo chão, fiquei super feliz porque queria muito ver neve nessa viagem, a cidade estava coberta de branco. Outra paisagem para nossas vistas.
Chegamos ao templo, um monge nos atendeu, não falava inglês. Nos pediu para tirar nosso calçados e nos levou à recepção. Um outro monge falava inglês e nos mostrou todo o templo e nosso quarto. Era enorme e tipicamente japonês, com tatame de palha, e decoração japonesa. Nos levou a uma mesinha no quarto e nos serviu chá e biscoitos, percebemos que a mesa era aquecida em baixo, e que devíamos nos cobrir com um edredom grudado a ela. Era ótimo, já que estava muito frio.
Logo em seguida chegou outro monge, um menino de uns 13 ou 14 anos. Os dois começaram a espalhar nossos futons e cobertores. Ficamos quietos só observando, não sabíamos como nos comportar, já que estávamos dentro de um templo com monges. Eles sempre agradeciam, todo o momento dizia: thank you very much.
Ficamos a sós, fotografamos um pouco e fomos andar. Vimos o templo e saímos pela cidade. Havia começado a nevar e então foi um cenário perfeito para mais fotos. Fomos à entrada de vários outros templos, caminhamos pela neve, fizemos bolinhas, tacamos um no outro, e então nosso pé começou a ficar gelado-insuportável. Com muita sorte encontramos uma loja enorme de souvenirs, os preços eram exorbitantes, mas passamos um tempão enrolando até nossos pés se aquecerem. Cheguei a comprar um livro sobre a história de Sidarta Gautama em japonês pra tentar aprender mais um pouco.
Como o jantar e o café seriam vegetarianos e nós não seguimos tal filosofia alimentar, fomos a um mercadinho comprar umas coisinhas para comer. Biscoitos, bolos e suco.
De volta ao templo, os monges estavam em algum ritual, entoando talvez um mantra juntos, eu não entendia nada, parecia só ionienoinnain…. No quarto percebemos que tinha um par de yucatas, ou quimonos para vestirmos, colocamos os dois para nos sentir mais locais. Logo chegou o jantar, como eu disse vegetariano, mas não vegetariano saladinha, fruta, legumes cozidos, essas coisas que conhecemos e comemos normalmente. Eram diversos igredientes leguminosos com sabores mais azedos e ácidos. Sinceramente não eram bons, o arroz pra mim era como o tira gosto. Mas valeu muito conhecer e experimentar. O café da manhã foi no mesmo nível.
Finalmente testamos nosso primeiro banho japonês. Tomamos banho com a ducha sentados em um banquinho e depois entramos no onsen à 45 graus. Era muito quente, nos deu coceira de início. O corpo logo fica pesado e mole, ainda saí uma vez para tomar uma ducha mais fria e me refrescar. Foi uma ótima experiência e saímos muito relaxados.
No dia seguinte poderíamos participar da cerimônia religiosa, era às 6 da manhã. Levantei-me, mas percebi que eu era o único hóspede por ali, fiquei tímido e voltei a dormir. Escrevi uma oração em uma plaquinha de madeira, que seria queimada depois e entreguei na recepção.
Fomos embora sob muita neve. Um dos monges nos ofereceu um plástico fazendo gesto para botar no bolso. Era uma bolsinha que deixava o bolso quente para esquentar as mãos. Ótima invenção para o frio. Partimos de lá muito satisfeitos.